domingo, 29 de maio de 2011

O Futuro da Televisão



É incrível como as cores berrantes que vejo sempre que ligo a televisão, ajudam a pintar um cenário tão cinzento. Há muitos anos que se fala da morte da rádio ou da morte do livro, mas a morte da televisão parece-me muito mais próxima.
A diferença entre a rádio e o livro da televisão é que os dois primeiros não têm alternativas que os substituam. Não há outro entretenimento possível que não a rádio, enquanto se conduz (haver há, mas estou-me a referir a um que não provoque acidentes, mortes e essas coisas aborrecidas). O livro vai continuar a ser lido. A literatura tem milénios de história e, se isso não é razão suficiente, e não julgo que seja, a importância que ainda se lhe atribui no sistema de ensino vai tratar de adiar a sua morte precoce. As alternativas que se encontram ao livro não são alternativas, são formatos diferentes. Se o livro como suporte físico for eclipsado, o que também não me parece provável dado ao enamoramento de que quase todos os bookaholics padecem pelo seu inconfundível tacto e odor, o que morrerá será o suporte e não o conteúdo. E um livro é mais que papel, é palavras.
Ao contrário destes dois meios de comunicação “moribundos”, a televisão possui alternativas. Cada vez mais os espectadores chegam a casa depois de um dia de trabalho ou estudo ou ócio, e optam por ver conteúdos que verdadeiramente querem ver, em detrimento de conteúdos que simplesmente suportam ver, entremeados por publicidade. A internet proporciona essa alternativa e a televisão está a ser lenta no seu combate.
Se olharmos para o panorama televisivo português (a toma de um antidepressivo antes deste empreendimento é altamente recomendável), podemos observar um recurso estilístico recorrente: a repetição. O que teve sucesso no passado (telenovelas e reality-shows) é repetido ad infinitum, e as consequências desta estratégia de baixo investimento/alto retorno, não são levadas em conta. Alguém precisa de contar aos directores de programação a história do rapazinho que adorava Chocapic, mas que depois de comer isso ao pequeno-almoço durante um ano, ficou enjoado.
Podemos dar inúmeros exemplos de como a televisão portuguesa falha em inúmeros aspectos. Um deles é o acervo de filmes que a RTP2 possui e que está simplesmente a ganhar pó. Qual é a ideia de um canal com audiências tão baixas não tirar do fundo da gaveta os filmes clássicos e mostra-los a um nicho de cinéfilos, que provavelmente suplantará em número os espectadores habituais? E quando eles o fazem simplesmente não o publicitam. Há algum tempo, não sei quanto, o Jorge Mourinha criticava isso mesmo no Público. Foi nessa crítica que li que, ao que parece, estava a decorrer uma maratona de grandes filmes na RTP2. Já não fui a tempo. Os outros canais também têm uma gestão que lhes é mais danosa que proveitosa. Eles esquecem-se que ao basearem o grosso da programação num ciclo de entretenimento fácil, que se repete e repete, estão a alienar os jovens no presente, que serão os telespectadores do futuro.
A televisão como a conhecemos está em crise e, se de vez em quando não aparecer um filmezinho ali, e um documentário acolá, um filme português em vez de uma telenovela, uma série portuguesa em vez de um reality-show, um dia o espectadores terão a sua vingança. Quando encontrarem um Francisco Pinto Balsemão ou o Joaquim Pina Moura ou até um Eduardo Moniz, de chapéu na mão a pedir esmola, lhes vão dar uma cassete dos Batanetes e outra d’Os malucos do riso, para lhes matar a fome.

“A Guerra dos Tronos” - George R. R. Martin

Há já alguns meses que andava para experimentar este autor, mas como andamos em crise, e as bibliotecas municipais que frequento ainda não descobriram as maravilhas de George Martin, fui adiando o momento. Finalmente, por altura dos meus anos, ofereceram-me o livro.

Escolhi a época de frequências para o começar a ler. Não houve pior escolha literária que pudesse ter feito. Se reprovar a todas as cadeiras a culpa será, sem sombra de dúvida, destas “Crónicas do Gelo e do Fogo”. Não apenas porque o livro nos faz partir para um mundo onde a Anatomia e a Histologia são derrotadas por Espadas e Lobos, mas também porque nos faz esquecer que vivemos no século XXI, onde não podemos passar o dia deitados na cama a ler durante horas.

“A Guerra dos Tronos” é o primeiro volume da saga “As Crónicas do Gelo e do Fogo”. A história passa-se num mundo totalmente fictício, muito ao estilo de Tolkien, mas cujas personagens possuem um toque muito mais humano. O livro está organizado em capítulos que se dedicam exclusivamente a uma personagem de duas famílias rivais, os Stark e os Lannister, demonstrando a habilidade do autor em relacionar todos os detalhes da história, tendo obtido como resultado uma das melhores obras da fantasia dos últimos tempos.


Para concluir, e não querendo revelar nenhum detalhe da história, arrisco-me apenas a referir que “ As Crónicas do Gelo e do Fogo”, apesar de pouco ter em comum com “O Senhor dos Anéis” de J.K.Tolkien, alcançaram um lugar ao nível deste êxito da literatura do fantástico.



sábado, 28 de maio de 2011

O Descanso do Guerreiro


O meu Kindle a descansar depois de um árduo mês de trabalho.
Entre o Público e o Financial Times, O Mandarim do Eça e o David Copperfield do Dickens, o meu gadget favorito não teve descanso. Ou melhor, teve, mas só depois de vários avisos de bateria fraca, que ignorei sempre em detrimento de mais um parágrafo, mais um linha, mais uma palavra.
Finalmente, porque até o mais aplicado trabalhador merece descanso, cedeu à inevitabilidade da bateria vazia. Nem o Kindle ainda a consegue iludir. Ainda.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

81ª Feira do Livro do Porto

Arrancou hoje a 81ª Feira do Livro do Porto. Durante 18 dias, a Avenida dos Aliados será palco de conversas com autores, apresentações, lançamentos de livros e sessões de autógrafos, mas também de concertos e sessões de cinema ao ar livre.

Livro Árvore

domingo, 22 de maio de 2011

Tree of Life: Vencedor em Cannes

Não foi o facto de não estar presente para aceitar o prémio que impediu Terrance Malick de receber a Palma de Ouro pelo seu "The Tree of Life". A sua não-presença em palco obrigou os productores William Pohlad e DeDe Gardner a aceitar o prémio em seu nome. Pohlad disse que o realizador se mantém "tímido e humilde" mas que está "muito feliz" por receber o prémio.
Prémios Competição:
Palme d'Or/Melhor Filme: The Tree Of Life
Grand Prix/Segundo Melhor Filme: The Kid With A Bike/Once Upon A Time In Anatolia
Prix du Jury/Menção Honrosa: Polisse
Melhor Actriz: Kirsten Dunst por Melancholia
Melhor Actor: Jean Dujarin por The Artist
Prix de la mise en scene/Melhor Realizador: Nicolas Winding Refn for Drive
Prix du Scenario/Melhor Argumento: Joseph Cedar por Hearat Shulayam
Camera d'Or/Melhor Primeiro Filme: Pablo Gorgelli por Les Acacias
Melhor Curta Metragem: Ukranian realizador Marina Viroda por Cross Country
VEENCEDORES UN CERTAIN REGARD:
Prémio Un Certain Regard: Arirang and Stopped On Track (tie)
Prémio Especial do Júri: Elena
Prémio Realização: Mohammad Raoulov por Goodbye

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Days of Heaven: A Hell of a Movie


FICHA TÉCNICA
Título: Days of Heaven
Ano de Lançamento: 1978
Realizador: Terrence Malick
Origem: EUA
Duração: 95 minutos.
Elenco: Richard Gere, Brook Adams, Sam Shepard e Linda Manz
Depois de acompanhar a histeria em torna da nova obra de Terrence Malick, a curiosidade em saber o porquê de tanta antecipação tornou-se insuportável. Prescrição médica: ver um dos seus filmes. A escolha não foi muito difícil, Malick facilitou-me o trabalho dando-me para escolher apenas meia dúzia de filmes, fruto de 68 anos de vida e 42 de cinema. Escolhi este simplesmente porque já tinha lido sobre todos os outros e, neste mundo crescentemente mediatizado, é difícil ver alguma coisa, ou ouvir alguma coisa, ou até sentir alguma coisa verdadeiramente nova, sem sermos coagidos pelo que outros viram, ou ouviram, ou sentiram antes de nós.
Dito isto, vamos ao filme propriamente dito. Ao vê-lo não consegui afastar a dúvida: “Será que estou realmente a gostar?” Esta dúvida pode parecer estranha, porque se eu não souber do que gosto, quem saberá? (a citar um anúncio da matinal… a que ponto cheguei….) Mas depois de ver o filme concluí que não sabia se estava a gostar porque simplesmente não sabia o que estava a ver. A linguagem cinemática de Malick, se é que se pode depreender um estilo a partir de um único filme, é completamente alienígena, pelos meus padrões. A premissa do filme é simples, é contada linearmente no entanto o que estava a ver causava-me dúvidas. Depois de o acabar de ver isso não mudou.

sábado, 14 de maio de 2011

"Sangue Mortífero" - Charlaine Harris

Quando achávamos que mais nada poderia suceder à telepata Sookie Stackhouse, ela vê-se envolvida em mais uma luta “política” entre seres sobrenaturais. (CONTÉM SPOILERS)

Desta vez será, a revelação à comunidade dos humanos da existência dos metamorfos e lobisomens, que irá mudar o mundo. Mas para Sookie o pior ainda está por surgir. Após descobrir que tem um bisavô fada, que ainda por cima é um príncipe, a telepata vai tornar-se alvo dos seus inimigos.

À semelhança dos outros volumes da saga, este é um livro com acção, humor e também com algumas cenas picantes. O final conseguiu surpreender-me e a autora parece ter conseguido reacender a dúvida no coração de Sookie: Será que ela irá voltar para o Bill? Ou será que acaba com Eric, o vampiro “bad-boy”. Sinceramente gosto mais do Bill, por ser mais querido e cavalheiresco…mas o Eric também tem os seus atractivos.

Espero pelo próximo livro da saga para descobrir. (4,5/7)

ALU ALVES

domingo, 8 de maio de 2011

Realidades Alternativas

Ibiza, quatro noites, 439,99$ para duas pessoas. “Esqueça os seus problemas.”

Tenerife, dois dias,339,99$ para duas pessoas. “Entre numa nova realidade.”

Para escapar à realidade há maneiras muito mais práticas e em conta. Basta entrar no café da esquina, ou do centro do prédio, se a esquina já estiver ocupada, afinal nada nos diz que os cafés tenham que ser todos na esquina, é mais força de expressão que outra coisa. Basta então entrar no café, onde quer que ele esteja, desde que, para ilustrar o ponto que quero fazer, fique já ali à mão.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Vamos unir esforços!

Para todos aqueles, que como eu são contra as Garraiadas, Touradas, Vacadas, etc. Juntem-se ao grupo do Facebook "Diz NÃO à garraiada na semana académica de Lisboa". Esta garraiada, inicialmente prevista para dia 10 de Maio, foi adiada para o mês de Setembro. No entanto, todo o apoio é necessário.

Está na altura de eliminar da nossa sociedade tradições, que colocam em causa a integridade física dos animais!




A eliminação de uma tradição nem sempre é negativa. Às vezes é necessária e faz parte da evolução de uma sociedade saudável.

Obrigada
Alu Alves

Documentários: What are they good for?


Sempre achei o documentário um género menor do cinema. Um género que perdia muito quando comparado à ficção. O meu raciocínio era simples, para mim o cinema tem que ser necessariamente um escape à realidade, por isso um género que eu cria ser uma tentativa de representação da realidade falhava nesse pressuposto básico. Para mim, se queria ver a realidade, olhava à minha volta, lia os jornais e, se via um documentário, via-o como fonte de conhecimento sobre o tema que tratava e nunca como obra verdadeiramente cinematográfica.
Estas opiniões que eu tinha em relação ao documentário foram formadas, assim como quase todas as minhas opiniões, em ignorância e ideias pré-concebidas. O pouco que aprendi sobre documentários nos últimos tempos fez-me começar a encarará-los de maneira diferente. É isso que quero partilhar.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Acaba no Fecho


Enquanto lia o jornal do dia, de trás para a frente como costumo, mas não de frente para baixo como às vezes faço, deparei me com a crónica do MEC. A minha reacção não foi de surpresa, afinal, desde que me lembro que aquele cantinho é dele, mas de reconforto, ao saber que algumas coisas continuam na mesma; ou fraseando de outra maneira, que algumas coisas boas continuam na mesma.
A crónica, também ela não foi surpresa, bem escrita e a letra bonita, falava das pequenas coisas, afinal as grandes já têm atenção que chegue, mais do mesmo também é demais. Em menos palavras do que em poucas já foi dito, o MEC dizia que a tecnologia estava a privá-lo do prazer da ignorância.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

"Laços de Sangue" - Charlaine Harris

No oitavo volume desta colecção a heroína Sookie Stackhouse, uma telepata do Louisiana, vai enfrentar novos desafios. O furacão Katrina vitimou vários vampiros e feriu com seriedade a rainha vampira desse Estado dando origem a uma crise política. Sookie terá de ter cuidado com as escolhas que faz, e também em quem confiar.

Apesar de não ter tanta acção como os anteriores, achei este livro um dos mais interessantes. O tema das fadas e a sua ligação à família de Sookie começa a ser abordado e acontecem algumas reviravoltas interessantes na vida amorosa da personagem. Recomendo para quem gostou dos anteriores. (4/7)


Laços de Sangue - www.wook.pt

Final das Férias

Depois de duas semanas bem merecidas de férias, chegou o triste fim. Agora é esperar por dia 30 de Maio para mais. Entretanto, vou tentar consiliar as aulas com a leitura.
Cumps!
Alu Alves