domingo, 29 de dezembro de 2013

Um copo de leite com mel



É estranho como pequenas coisas, que já aconteceram há muito tempo, podem ser transportadas até nós num minuto. Um simples gesto, um simples cheiro, ou um simples objecto. Apenas isso.

Vou à cozinha e aqueço um copo de leite com mel. "Mas onde é que eu já vi isto?" E então o meu pijama deixa de ser a única coisa que me aquece, também essa memória querida me mantém quente e confortável. Sorrio e sigo para o quarto, com a minha companheira felina a saltitar atrás.

Mas quanto dessa memória será verdadeira? Quanto dela é que o tempo e as acções já alteraram? E o que é realmente a verdade, se varia de individuo, para individuo? Para mim aquela é a verdadeira memória. O meu copo de leite, entregue por uma mão amiga, que me tenta acalmar numa noite má. Ou uma das piores noites para a outra pessoa? 

Um copo de leite com mel...

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Pensamentos



Cada um é uma arca andante com o seu respectivo conteúdo. Deambulamos pelas ruas absorvidos nos nossos pensamentos. Serão iguais aos do senhor de certa idade, com chapéu preto e óculos, que acabou de passar por mim? Com certeza, que não. Ele não deve pensar em amor, ou no que será o seu futuro. Já é um homem feito; já tem um futuro, e acredito que chega a uma altura em que nos fartamos de procurar “o amor”. Se calhar ele até já tem o seu. Se calhar já teve. Se calhar nunca teve, mas acha que teve e vive feliz. 

Afinal o que é o amor? A partir de quando deixa de ser? Quando é que começa a ser? 

Não sou escritora. O meu vocabulário é pobre, a minha experiência de vida também. Se gostava de ser? Sim. Gostava de conseguir passar para palavras as mil coisas que me passam pela cabeça, mas esse é o trabalho do escritor; é um talento que ou se tem, ou não. Podemos treinar, podemos tentar…Quem é escritor, um bom escritor, tem essa bênção, não precisa de tentar. Às vezes dou por mim a pensar em coisas, que quero anotar, que quero desenvolver. Mas essas ideias fogem e, mesmo que ficassem aprisionadas num belo caderno sob a forma de palavras, nunca conseguiriam expressar o que realmente estava contido nessa ideia, num determinado momento. 

Assim, o que o senhor de certa idade com chapéu preto e óculos pensou, apesar de poder não ser genial, foi único e já se foi.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Norwegian Wood - Haruki Murakami

Os escritores com influências orientais tem um extraordinário talento para descrever os elementos da natureza; Murakami tem um extraordinário talento para o fazer com os sentimentos humanos.

Se gostei de "Em Busca do Carneiro Selvagem", com "Norwegian Wood" tornei-me fã declarada de Haruki Murakami. Apesar de todas as referências à música e cultura americanas, o autor não consegue libertar-se da sua própria origem nipónica, o que resulta numa excelente combinação. 

Esta é a história de um jovem, Toru Watanabe, que cedo é confrontado com o real significado da morte, quando o seu melhor amigo se suicida. Apaixonado pela namorada do seu falecido amigo, Naoku, acredita poder salvá-la do seu estado mental instável, abdicando mesmo da sua felicidade e de si mesmo. No entanto, Watanabe conhece Midori, a perfeita antítese de Naoku; divertida, faladora, com um olhar positivo sobre a vida. Midori já teve igualmente a sua parte no que toca a perdas dolorosas, mas a sua forma de as encarar não podia ser mais diferente da de Naoko.

"Lembra-te somente de que a vida é uma caixa de chocolates. (...) Tu sabes, aqueles sortidos de chocolates, gostamos de alguns e de outros não? E comes todos aqueles de que gostas e os que restam são aqueles que não aprecias tanto? Penso sempre nisso quando acontece algo doloroso."

Toru terá de escolher entre duas mulheres muito diferentes. Uma que representa o passado, aquilo que foi perdido - a nostalgia; e outra que significa a possibilidade de um recomeço e, quem sabe, de um final feliz.

Personagens principais que não tem nada a perder, parecem ser as predilectas de Haruki Murakami. Quase que parecem padronizadas. Quem sabe se não terão algo de "biográfico". Talvez na realidade sejam padronizadas a partir de todos nós. A verdade é que acho incrivel a capacidade do escritor em criar, num mesmo livro, personalidades tão diferentes. Penso que para conseguir tal proeza é preciso conhecer extremamente bem a natureza humana, deixar que ela seja parte de nós e expeli-la para fora sob a forma destas novas pessoas. 

Apesar de toda a diversidade de personalidades, a que me prendeu a atenção foi precisamente a mais perturbada de todas, a de Naoko. Não me identifico com ela. Longe disso. No entanto, acho que consegui entender a sua loucura e tive pena dela. Imaginem crescer desde os três anos com alguém, que se torna o nosso amante aos doze, com quem partilhamos tudo até aos dezassete anos, quando essa pessoa sem justificação decide acabar com a própria vida. Quando passamos tantos anos juntos, acabamos por criar o nosso próprio mundo, envolto numa redoma de vidro. Segundo Naoko, acabamos por ter de " pagar a nossa dívida ao mundo". É o fim da inocência. O inicio da verdadeira luta, no mundo exterior à redoma. Há gente que simplesmente não é capaz de fazer essa transição e desiste sem se quer tentar.



sábado, 14 de setembro de 2013

5 razões para não gostar de Saramago

José Saramago é um nome que causa a muitas pessoas algum grau de azia. O mesmo acontece comigo, sempre que alguém me fala de Margarida Rebelo Pinto, talvez um dia aborde aqui esse tema; uma coisa é certa, só existem duas posições possíveis no que diz respeito ao Nobel português: ou se adora, ou se detesta.

Embora eu me encontre no primeiro grupo, procurei perceber como é que alguém pode não gostar deste escritor e cheguei às seguintes conclusões:

1) A primeira, e mais óbvia, razão para detestar Saramago é não o saber ler e atirar as culpas para o facto de ele ter "uma pontuação estranha". Passamos anos na escola a ser formatados, acerca de como posicionar correctamente vírgulas, pontos finais, travessões, etc, etc. Chega este senhor aqui e escreve como lhe apetece, sem obedecer às regras de ouro, que durante tantos anos nos foram incutidas. Eu consigo compreender como é que isto enraivece muita gente. Mas penso que conseguir criar um novo estilo de escrita, que, se lermos atentamente e sem preconceitos, conseguimos perfeitamente entender, é ainda mais complicado do que inventar uma nova linguagem, como fez por exemplo J.R.R. Tolkien. 
Ontem ocorreu-me que se escrever é uma arte como a pintura, Saramago é como Picasso; ele não se limita a "pintar" o que vê, ele "pinta" como entende que realmente se deve pintar e sem ser limitado por aquilo que seria a correcta forma de o fazer;

2) A escolha do escritor em mudar de país de residência, ainda para mais recaindo a escolha sobre nuestros hermanos, não agradou aos mais patrióticos. Embora não concorde com a sua posição iberista, devido ao meu próprio orgulho em ser portuguesa, e também porque penso que nunca existiria um verdadeiro país, já que a própria Espanha se encontra minada de regiões que anseiam pela independência, apoio a sua decisão. Esta foi tomada após tudo ter sido feito pelo Estado português, para impedir que a obra "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" representa-se Portugal num concurso europeu, por alegadamente ir contra a fé católica. Ora, o Estado não é teoricamente laico? 
Se o meu próprio país negasse as minhas convicções e me censurasse, não hesitaria em mudar-me, ainda para mais se metade da minha família fosse espanhola;

3) Ser um escritor que declara abertamente o seu ateísmo e que denuncia os podres da Igreja Católica (basta ver pelo ponto anterior, como isso cai mal a muito boa gente cof-cof);

4) Fazer parte do programa escolar. Não gostar de Saramago é para muitos adolescentes uma forma de serem "fixes". Mal eles sabem, que parecem simplesmente uns cordeiros que seguem o rebanho. Quem realmente marca a diferença é quem tem opiniões próprias e justificadas.

5) Ser José Saramago, o prémio Nobel português. É triste, mas penso que a inveja é, hoje em dia, o principal problema e a raiz de todos os problemas do nosso país, das nossas famílias e da nossa vida. Sendo este escritor genial, muita gente odeia-o pelo simples facto de o ser.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A Cidade dos Ossos - Cassandra Clare

Devia deixar de perder tempo a ler livros classificados como literatura YA. Primeiro porque acho que se calhar já não faço parte da faixa etária, e segundo porque me desiludem sempre, ou quase sempre. 

O que me levou a ler este primeiro volume da saga "Instrumentos Mortais", foi o trailer no cinema e todo o falatório na Internet acerca da saga. Devia ter ignorado tudo isto e continuado na minha tentativa, extremamente aborrecida, em acabar de ler "O Ano da Morte de Ricardo Reis" de Saramago. Mas não o fiz e, como é tarde para chorar sobre o leite derramado, aqui fica o meu testemunho sobre este "Cidade dos Ossos" - um cliché.

A história é narrada na terceira pessoa, coisa que normalmente resulta mal, quando não existe conteúdo q.b. Ultrapassado este problema, seguimos para a análise da história, toda ela previsível e não muito empolgante.

Clary, abreviatura de Clarissa Fray (Uuuh! O nome da protagonista tem as mesmas letras que o da escritora!) é uma jovem adolescente de quinze anos, que nunca encontrou o seu lugar, junto dos outros indivíduos da mesma idade (OMG! Problema universal dos adolescentes!). Um dia descobre que vê coisas que mais nenhum mortal é capaz de ver - demónios, vampiros, lobisomens (seres não humanos no geral) e os Shadowhunters! Este últimos são tipos dotados de tatuagens mágicas, as runas, que lhes permitem ter poderes que os simples mortais não tem e eliminar os demónios que habitam o nosso planeta. Resumindo, são uma espécie de anjos caídos. 

Mas porquê que Clary consegue vê-los? Porque também ela tem sangue de Caçador de Sombras! Juntamente com Jace, o herói bonzão e macho, e Simon, o seu melhor amigo, com uma paixão secreta por ela, Clary vai tentar salvar a mãe, que foi raptada pelos vilões. 

Baka baka baka, revelações previsíveis, baka baka baka fim. Esperem pelo próximo episódio.

Acredito que muita gente vá gostar deste livro, porque é um cliché de YA típico, com todos os elementos chave: uma rapariguinha com baixa auto-estima, um tipo jeitoso e o amigo desajeitado e apaixonado. A rapariguinha descobre que afinal vale mais do que aquilo que supunha e torna-se numa lutadora. Enfim, um enredo que já encontrei em muitos outros livros do género e que por isso não trás nada de novo. 


Procura-se Colaborador!

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Muito Obrigada!

terça-feira, 3 de setembro de 2013

"Não se Festeja a Morte de Ninguém"

"J.R.R. Tolkien morreu há 40 anos", foi o título que li esta manhã num desses portais sobre assuntos literários. Isto fez-me pensar: porquê que se festeja, ou assinala o dia de algum génio, seja ele literário, ou de outra área qualquer, no dia da sua morte? 

Para mim não faz qualquer sentido festejar, ou assinalar o dia em que um génio morre. Tomando como exemplo o caso da religião, visto que esta, quer queiramos, quer não, acaba por ter uma grande influência na sociedade, festeja-se o Natal, porque Jesus nasce; festeja-se a Páscoa, porque Jesus ressuscita; não se festeja, quando Jesus morre assassinado!

Então porquê todo esse alarido, quando faz anos que alguém notável morre (por exemplo, o centenário da morte de Darwin) ? Devia-se festejar o aniversário do nascimento de todos estes génios e esquecer que morreram, já que através das suas obras/investigações/descobertas, tornaram-se imortais; nunca deixaram de estar vivos.



 

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

5 Desvantagens em ler a saga "Harry Potter"

Toda a gente escreve sobre como a saga "Harry Potter" mudou a vida delas e sobre como toda ela é espectacular e espantosa. Raramente as pessoas dizem toda a verdade sobre "Harry Potter". 

Aqui ficam as cinco razões sobre as quais devem reflectir antes de lerem a saga:


1- Preparem-se para os sentimentos de frustração associados ao facto de serem simples muggles, principalmente se começarem a ler a saga no início da vossa adolescência. Esperarão dias, meses e anos pela célebre carta e esta nunca chegará. Acabarão por se tornarem muggles frustrados, porque sabem que Hogwarts existe, mas nunca a poderão ver. Simplesmente não têm aquilo que é preciso: magia;

2 - A vossa vida vai parar, quando lerem Harry Potter pela primeira vez. Vão passar horas a ler e, quando a vida real decide interromper-vos, vocês vão mandá-la dar uma volta. Isto pode levar a sérios problemas como reprovações em testes, zangas com a família, ou até mesmo a despedimentos;

3 - Morte, morte por todo o lado. Hmmm... isto não era suposto ser um livro para crianças? Bem, nem por isso. Assim, convém que os pais estejam atentos, não vão querer uma criança de doze anos a ler os últimos volumes desta saga, já que podem acabar a chorar noites a fio e com traumas para o resto da vida;

4 - Depois de lerem Harry Potter nunca vão encontrar nenhum outro livro que vos faça querer acordar às cinco da manhã, para ir esperar à porta da livraria local pelo novo volume. Isto pode ser bom, já que as vossas olheiras serão menores, mas também significa, que nenhum livro é suficientemente empolgante para vocês. Conheço até casos de pessoas que nunca mais leram e que estão constantemente a reler a saga completa;

5 - Os fãs do Michael Jackson vão sentir-se insultados, quando virem a caracterização do Voldemort na versão cinematográfica, que, surpresa surpresa, não é melhor que o livro.






quinta-feira, 29 de agosto de 2013

"Percy Jackson and the Lightning Thief" - Rick Riordan

A curiosidade para ler esta saga apareceu recentemente; estava a ler um artigo intitulado "Como fazer para que os seus filhos se tornem leitores", escrito por uma mãe americana, e deparei-me com este Percy Jackson. Segundo a autora do artigo, este é o herói que os filhos dela escolheram para ler sozinhos, após a leitura em conjunto do Harry Potter. Pensei "Bem, se estes putos adoraram o Harry Potter e adoraram igualmente o Percy Jackson, vou investigar!"

Arranjei a versão inglesa (visto que estou tesa como um carapau, para poder dar-me ao luxo de gastar dezasseis euros num livro, que nem sabia se valia a pena) e li o primeiro volume recorrendo ao meu Kindle.

Já não sou a criança que era quando li o Harry Potter, mas quem uma vez o lê passa o resto da sua vida à procura de alguma obra que consiga produzir o mesmo tipo de felicidade e entusiasmo, que se sentia ao ler a saga do famoso feiticeiro. Claro que nunca conseguimos. Não só porque o contexto é totalmente diferente, mas também porque algures pelo caminho os nossos gostos vão evoluindo e o nosso entusiasmo é redireccionado. 

Ainda assim, gostei bastante deste primeiro volume das aventuras de Percy Jackson. Combina duas coisas que eu gosto bastante: fantasia e mitologia grega/romana. 

Se há coisa que aprendi, quando li um dos livros da saga "Predadores da Noite", de Sherrilyn Kenyon, é que nem sempre esta mistura funciona da melhor forma. Contudo, Rick Riordan consegue criar um universo literário em que todas as peças encaixam sem caírem no ridículo. A única coisa que achei que não corria muito bem era o facto da personagem principal ter apenas doze anos, mas pensar como se tivesse mais uns cinco ou dez. 

Tirando essa pequena falha, que pode ser contornada se supusermos que Percy se encontra a narrar a história de uma perspectiva que não é a do actual momento, considero que foi um excelente e original livro juvenil. Fiquei curiosa para ler a continuação e descobrir se estou perante um possível sucessor do Harry Potter, ou se estou simplesmente perante algo ao nível de "The Hunger Games".

 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

10 vantagens das Bibliotecas Públicas

Sou muito poupada. E isto não é um eufemismo. Acredito que tenha sido a sociedade que me moldou para o ser. Com mil notícias por dia sobre a crise económica e, sendo eu sustentada pelos meus pais, é complicado para mim não o ser. Assim, a única altura em que recebo livros é no Natal, na Páscoa e no meu Aniversário.

Como é que faço para ter acesso a outros livros? Visito a Biblioteca Municipal.
Algo que já reparei, não só por essa blogoesfera fora, mas também nas pessoas que conheço pessoalmente, é que são raras as pessoas que visitam as bibliotecas públicas; são mais as que compram livros do que as que optam por requisitar.

Como utilizadora recente de Bibliotecas Públicas (frequento duas há aproximadamente seis anos) elaborei esta lista de 10 vantagens associadas a estes locais tão pouco valorizados:
 
 
 
1) A primeira, e mais óbvia, razão é o acesso gratuito (ou quase, se considerarmos a taxa anual de sócio, que ronda os insignificantes dois euros) a centenas de livros; desde literatura dos autores clássicos a obras mais contemporâneas e comerciais; Adoro entrar na biblioteca e olhar simplesmente para os títulos e para as mil possibilidades de escolha gratuita.

2) Acesso a inúmeras revistas e jornais. Muitas bibliotecas disponibilizam também filmes e álbuns, que podem ser assistidos/ouvidos no local ou requisitados gratuitamente durante alguns dias;

3) São uma importante base de dados associados à história de todo o município; 
 
4) São locais muito agradáveis para estudar, ou simplesmente ler e desfrutar de um momento de silêncio. É até comum ser um local para horas de explicações com os professores.
Pessoalmente adoro o cheiro a "livro" e só isso faz-me entrar mais facilmente em modo "concentração para estudar";
 
5) Aceitam sugestões de novos livros para a colecção, o que é óptimo para aqueles que queiram acompanhar as últimas novidades do mundo literário, ou encontrar edições de clássicos mais raros;
 
6) São excelentes locais para entreter as crianças, o que é óptimo para aqueles que dizem não terem disponibilidade para as visitar por causa delas;

7) Organizam inúmeros e variados eventos culturais, além de serem locais de divulgação dos mesmos;

8) Oferecem acesso gratuito às publicações de inúmeras revistas e jornais (incluindo muitas vezes os diários);
 
9) São uma gigantesca base de dados e muitas vezes a única forma de acesso à cultura por parte de muitas famílias carenciadas. Muitas delas emprestam inclusive manuais escolares durante o período lectivo;

10) São o local de encontro para muitas das pessoas que se encontram reformadas, ou desempregadas; são uma forma de terapia contra a solidão.

 
 
 


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Português do Brasil VS Português Europeu

O português é uma das línguas mais antigas deste planeta e uma das mais faladas. Temos representantes da nossa língua em quase todos os continentes, mas mesmo assim existem diferenças e polémicas.

Na minha opinião estas diferenças são naturais; estamos todos separados por oceanos e mares; funciona um pouco como a Teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin, mas aplicada a uma linguagem.

Uma coisa que sei que tenho de amadurecer na minha pessoa é a capacidade de superar as mudanças. O acordo ortográfico foi uma grande mudança e uma grande polémica. Ainda hoje, no "Bom Português", que passa de manhã na RTP 1, há quem diga " antigamente era assim, agora com o acordo deve ser da outra forma". Isto demonstra que podemos estar sob a lei de um novo acordo, mas a forma como escrevemos continua a ser uma opção (pelo menos para aqueles que já terminaram o 12º há um par de anos). Eu não gostei da mudança, ainda torço o nariz, quando vejo as pequenas (ou grandes) alterações na forma de escrever dos portugueses. Muitas vezes me pergunto se serei a única pessoa a sentir o seu espaço violado de alguma forma; afinal sempre foi assim que eu escrevi e sempre foi assim que li. 



Depois comecei a perceber que esta foi uma medida que tinha outros argumentos a favor: ao padronizarmos o português estamos a evitar a evolução em direcções muito diferentes de uma língua que é falada em países importantes, como é o caso do Brasil. Tradução: é economicamente conveniente, que nos continuemos a entender.

Mas basta criar uma forma padronizada? Não! 

Há meia dúzia de dias recebi um email que dizia (de forma resumida) "Sou brasileiro e gostaria muito de trocar livros com vocês. Já li edições portuguesas e não senti qualquer tipo de dificuldade em perceber e penso que você também não terá problemas." 

Pois, eu adorava dizer "Claro que não tenho problemas! Que estupidez! Afinal não somos os dois entendidos em língua portuguesa?", mas a verdade é que não gosto de ler em português do Brasil. Culpo as novelas brasileiras por isso! Eu adorava conseguir ler sem imaginar o sotaque de todas as personagens e conseguir encarar o tratamento de "você" naturalmente, mas não soa natural. Eu acredito quem cresceu com português do Brasil pensa o mesmo quando lê uma edição portuguesa; deve ser no mínimo estranho. Sei isso, pois cresci com versões brasileiras de muitos filmes de animação e detesto revê-los em português de Portugal. 

E isto não é algo que o acordo vai solucionar, pois cada povo mantém a sua individualidade linguística, com "c's" ou sem eles, com dupla vogal no plural, ou não!

Talvez a música solucione:

domingo, 18 de agosto de 2013

"Dead Ever After" - Charlaine Harris

No último mês li os últimos dois volumes da série "The Southern Vampire Mysteries", de Charlaine Harris. Não são clássicos da literatura e considero-os um "guilty pleasure"; são livros que não trazem grande coisa de novo, mas que trazem muitas horas de entretenimento agradáveis.

Quem já leu algum dos livros desta série, sabe que algo que os distingue das típicas histórias de vampiros é a ênfase que é dada à descrição do dia-a-dia da personagem principal; depois de aproximadamente cinco anos na companhia de Sookie Stackhouse, é impossível não sentir um certo grau de nostalgia, quando chega a hora de dizer adeus.

Este volume é uma continuação do anterior, que deixa, como é hábito, várias questões por solucionar. Sem querer entrar em hábitos de "spoiler", há uma nova conspiração contra a nossa heroína e desta vez os vampiros não estão muito disponíveis para o salvamento.

Sempre fui uma acérrima fã do vampiro Bill, mesmo na série televisiva. Considero que é uma personagem que merecia ficar com a Sookie, apesar de todas as coisas feias que tem andado a fazer (na televisão). Ainda assim, se não gostam da personagem na série televisiva é impossível não gostar dele nos livros. Sempre cortês e servil, faz tudo pela mulher que anteriormente desiludiu, na esperança de a reconquistar.

Todo o mistério de quem seria o parceiro final da telepata é também solucionado neste último livro, como não podia deixar de ser. Mas o que apreciei mesmo é que no final a Sookie está feliz embora reconheça que pode não durar para sempre. Ainda assim se algo de mal acontecer ela sabe que será capaz de se por de pé novamente. Um verdadeiro espelho da forma como todos nós deveríamos pensar, quando a vida não corre pelo melhor.

Adeus Sookie Stackhouse.