quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Viagem a Colónia - Parte I

Este ano começou bem. Fizemos uma pausa no inicio de Fevereiro e fomos até Colónia, na Alemanha, visitar uma amiga.

Depois do terror que é para mim andar de avião, chegamos a terra e deparámos-nos com um frio de rachar. O dia estava como a cidade - cinzento. O primeiro passo foi encontrar forma de ir do aeroporto até ao centro de Colónia. 

Algo que me deixou chocada, ainda que não espantada, é a falta de consideração para com o turista: NADA ESTÁ TRADUZIDO PARA INGLÊS. Tudo bem que não há povo como o português, no que diz respeito a receber bem o estrangeiro, mas acho mesmo muito mau, quando, com uma língua que não se parece com nada, como é o caso do alemão, não há nenhumas indicações em inglês. Engulam o vosso orgulho pós-grande guerra e traduzam as coisas! Obrigada!

Mas como somos tugas, lá nos desenrascamos usando a sinalética com desenhos e o google maps, para dar com a paragem de comboio e o sentido em que devíamos seguir. O bilhete de comboio/metro é sempre de 2 euros e pico (dentro da área urbana). No caso dos comboios o bilhete tira-se fora da carruagem, mas no que diz respeito ao metro, o bilhete é tirado dentro do mesmo. Há uma modalidade que acaba por compensar para grupos de 3 ou mais pessoas que é o bilhete de grupo diário. O preço ronda os 13 euros e dá para usar sem limite de viagens no dia da compra. 

Achei este sistema de venda de bilhetes muito estranho. Nos cinco dias que lá estive só vimos os picas uma vez e não estavam a fiscalizar ninguém. Por isso, se preferirem arriscar e não tirar bilhete, podem tentar. Mas não digam que eu disse isso. A verdade é que com a falta de sinalética traduzida, todo o processo é ridículo. Desculpem a minha revolta, mas enerva-me quando os povos se acham superiores ao ponto de parecer que não querem turistas. 

A parte boa da visita a Colónia é que tínhamos uma guia portuguesa, que nos soube mostrar o que valia a pena ver. A cidade em si tem zonas muito engraçadas, principalmente para os amantes de arte e de cenas alternativas, mas é preciso saber onde ir e o que ver. Infelizmente isso só se descobre depois de algum tempo em Colónia. 

Enquanto procurávamos a morada da nossa amiga, aproveitamos e fomos visitar o cemitério. Como não podia deixar de ser em todas as viagens da Luisa! De todos os que já visitei este é sem dúvida o mais perturbador. Desde estátuas de palhacinhos, anjos gigantes, chão de vidro com vista directa para o caixão, vegetação abundante...há muita coisa neste cemitério gigante. Acreditem. Não iam querer passar a vossa noite ali.

No primeiro dia, e já a anoitecer, fomos à Catedral de Colónia - Kolner Dom, onde alegadamente se encontram os restos mortais dos três Reis Magos.

Se até aqui só disse mal de Colónia, esta é a parte em que falo bem. De todas as catedrais a que já fui (e já foram algumas), esta está no top 3 das minhas preferidas. Quando a vemos pela primeira vez o impacto é grande. Não só porque o detalhe da construção é enorme, mas também porque está num local tão urbanizado e moderno, que é mesmo espantoso ver algo tão antigo ali no meio. Durante a Segunda Grande Guerra (é impossível não falar DA Guerra, quando se visita a Alemanha), a catedral foi dos poucos edifícios que ficou intacto. Isto não aconteceu por respeito dos Aliados, mas porque lhes servia de ponto de referência. É incrível ver as imagens de toda a cidade destruída e leva-nos a pensar que os aliados não eram nenhuns santos e que efectivamente aquela foi uma época negra para e de TODA a humanidade. 

Esta foi também a primeira vez que visitei uma catedral de noite e é um bocadinho assustador. Nos dias seguintes voltamos lá durante o dia para ver os vitrais e admirar aquilo que de melhor tem a arquitectura gótica - o jogo entre a luz e a sombra.

Depois desta visita nocturna, seguimos para a Igreja de São Gertrudes. Fomos ver uma performance artística, de um amigo da nossa guia. A Igreja tem uma arquitectura interior diferente. Com base na estrutura da área o artista experimentava diferentes sons, que  convidavam quem assistisse a deambular pela área, experimentando os diferentes sons, de acordo com o local onde os escutava. Quem me conhece (mesmo bem), sabe que eu gosto de algo que se chama ASMR, onde os sons são usados para provocar sensações de relaxamento, por isso posso comparar a experiência com algo desse género, mas numa escala muito maior e ás vezes pouco agradável.

No final fomos jantar a um sitio terrível, que NÃO RECOMENDO, chamado Avila Tapas Bar. Nenhuma pessoa do grupo tinha experimentado este restaurante anteriormente, mas fomos porque um dos elementos era venezuelano e viu Arepas (uma sandes tipica da venezuela) no menu. Pagamos os olhos da cara por uma mini arepa, pela qual esperamos meia hora, estando o restaurante vazio, e qual factura qual quê? Tudo contas em papel...

Depois desta primeira experiência gastronómica memorável, fomos apenas a locais onde a nossa guia já tinha ido antes.  

Terminamos a noite num pub muito engraçado, com ar de ex-bar de strip e com umas luzes vermelhas todas catitas. Bebemos a única cerveja que alguma vez tolerei - a Kolsch, típica de Colónia. Depois seguimos para casa, onde comemos ovos mexidos com pão e matamos a fome deixada pelas malfadadas pseudo-arepas.








sábado, 24 de fevereiro de 2018

"Sonho Febril" de George R.R. Martin

"Sonho Febril" de George R.R. Martin foi publicado, pela primeira vez, no ano de 1982. Nessa altura ainda eu não era nascida, e ainda muito tempo faltava para a publicação do primeiro volume das Crónicas do Gelo e do Fogo (aka Guerra dos Tronos), que lançou Martin para a lista de escritores famosos.

Este livro, tal como a maior parte dos que tenho, foi-me oferecido a meu pedido já há alguns anos atrás. Achei que seria interessante ler algo de Martin fora do contexto a que estava habituada. Não fazia era ideia que este livro, aparentemente sobre barcos a vapor no inicio do século XX, incluiria vampiros. 

Se tivesse lido alguma coisa sobre ele antes de o pedir, o mais certo era ter optado por outro livro de George R.R. Martin. O tempo em que o tópico vampiro me chamava a atenção já lá vai há muito e o mais certo era não ter optado pelo "Sonho Febril".

Ainda assim, apesar desta pequena e não muito positiva introdução, o livro não é mau. Não considero uma obra-prima, nem tão pouco um dos meus livros favoritos, mas tem uma onda muito "Anne Rice" á volta dele: a luta interior dos vampiros entre o bem e o mal; a luta entre espécies; a vida e a morte, bahblahblah (ou "etc", se preferirem).

A história é narrada na terceira pessoa e centra-se em duas personagens principais: Abner Marsh, um ambicioso, mas azarado, dono de uma pequena frota de barcos a vapor, como um apetite voraz e um aspecto horrendo; Joshua York, um belo e rico senhor, com hábitos e amigos estranhos. 

Joshua encontra-se com Abner e estabelece uma sociedade. Graças a esta sociedade ambos constroem o barco a vapor mais magnifico e esplendoroso de sempre, com o qual Abner Marsh ambiciona conquistar o rio Mississipi - o Fevre Dream (Sonho Febril).

Claro que, sendo um livro de George R.R. Martin, a coisa não acontece bem assim e aparece Damon Julian o vilão louco da história e uma série de personagens morre. 

Gostei da escrita de Martin. Sempre foi um dos seus pontos fortes. Gosto da forma como ele não se perde em pormenores desinteressantes e como leva o leitor precisamente para onde ele quer, sem nos distrair. No entanto, admito que talvez aqui não tenha funcionado tão bem. Isto porque não houve algo que me surpreendesse verdadeiramente e todo o enredo era bastante previsível. Ainda assim, gostei de como havia tempo para percebermos como era a vida num barco a vapor, sem se tornar cansativo (como acontece, por exemplo, no raio do livro Moby Dick de Herman Melville). 

(Sim, acabei de dizer que George R.R. Martin é melhor que Herman Melville XD).

Foi interessante ler algo de Martin diferente da Guerra dos Tronos e, apesar de não ter amado, deixou-me curiosa e pronta para descobrir outros universos deste escritor.